Investir em ouro vale a pena?

Metal precioso é usado como reserva de valor há milênios e ainda tem espaço nas carteiras dos investidores

Investir em ouro é uma boa opção para quem busca rentabilidade e segurança no mercado financeiro? Esta é uma pergunta que eu sempre recebo de pessoas que acompanham minhas redes sociais. Atualmente, frente às incertezas de ordem macroeconômica que o mundo todo está vivendo, a frequência desse questionamento aumentou bastante.

O ouro é um dos metais mais valiosos e cobiçados do mundo. Desde os tempos antigos, ele é usado como moeda, joias, símbolo de poder e riqueza e que muitas vezes ao longo da história vem sendo utilizado como reserva de valor para muitos investidores.

Assim como qualquer outro investimento, o ouro pode ou não valer a pena, de acordo com os objetivos que você tenha ao optar por este tipo de ativo. Sendo assim, não existe uma resposta única a esta questão, por isso, é importante você compreender do que se trata o investimento em ouro, para então poder avaliar se ele faz sentido dentro de seu planejamento.

O que é o investimento em ouro?


O investimento em ouro consiste na compra de uma quantidade física do metal, seja em barras, moedas ou joias, ou de um título que representa essa quantidade, seja em fundos, contratos futuros ou certificados.

O objetivo de quem investe no metal é lucrar com sua valorização no mercado ou proteger o patrimônio da inflação e das oscilações cambiais.

Por que o ouro é considerado uma reserva de valor?

O ouro é utilizado como hedge por muitos investidores porque ele tende a manter ou aumentar o seu poder de compra ao longo do tempo, independentemente das variações da economia, da política ou das crises. Isso se deve a alguns fatores:

-é um recurso escasso e limitado na natureza, o que aumenta a sua demanda e o seu preço;
-é um ativo universal, aceito e negociado em qualquer parte do mundo, o que facilita a sua liquidez;
-é um ativo que não depende da gestão ou da solvência de nenhuma instituição financeira, empresa ou governo, o que reduz o seu risco;
-é um ativo tangível que, a critério do proprietário, pode ser guardado e transportado fisicamente;
pode ser utilizado como garantia para negociação de outros ativos na B3, com menor deságio.

Como investir em ouro no Brasil?


Para investir em ouro no Brasil, existem algumas modalidades que variam de acordo com a forma de aquisição, custódia, negociação e tributação do metal.

– Ouro físico: é a compra direta do metal em barras, lingotes e moedas, que podem ser adquiridos em instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. A negociação do ouro é realizada na B3, através das DTVMs credenciadas.

Para adquirir ouro físico, além dos cuidados com a procedência, qualidade e a autenticidade do metal (daí a necessidade de adquiri-lo em bancos e corretoras devidamente credenciadas pelo Banco Central), o investidor precisa fazer um cadastro para negociar o ativo físico.

Além disso, é importante escolher uma instituição custodiante que irá guardar o ouro adquirido, mediante uma taxa de custódia mensal que é calculada sobre o volume financeiro guardado na instituição. Em geral, a taxa de custódia varia entre 0,07% e 0,20%.

A compra e venda do ouro físico ocorre no mercado de balcão da Bolsa de Valores, e o valor da grama tem cotação diária que pode ser acompanhado no site da B3.

Além do valor do metal, o investidor paga também um spread que varia entre 2% e 5%, conforme a oferta e procura do dia em que esteja negociando, e no momento em que deseje se desfazer do ouro, a DTVM onde foi adquirido garante a recompra do metal também pela cotação do dia da negociação.

– Contratos futuros: são acordos de compra e venda do metal para uma data futura, com um preço pré-fixado. Esses contratos são negociados na B3 e exigem um depósito de margem de garantia para cobrir eventuais prejuízos. Nesse caso, o investidor não recebe o metal fisicamente, mas sim a quantia acordada no momento do contrato. A negociação pode ser feita até o último dia útil anterior ao vencimento.

– Fundos de investimento: são fundos que aplicam os recursos dos cotistas em ativos relacionados ao ouro, como contratos futuros, certificados ou até mesmo o metal físico.

Esses fundos são administrados por gestores profissionais e podem ser encontrados em plataformas de investimento online das corretoras ou bancos. Nesse caso, o investidor não tem contato direto com o metal, mas sim com as cotas do fundo.

A negociação pode ser feita a qualquer momento dentro do horário de funcionamento do mercado.

– ETFs de ouro

Atualmente, uma das modalidades mais populares de investimento em ouro são os ETFs (Exchange Traded Funds) de ouro. Esses fundos funcionam como ações negociadas na bolsa de valores, mas em vez de representarem uma empresa, eles representam uma quantidade de ouro.

Os ETFs de ouro permitem que os investidores comprem e vendam o metal sem precisar lidar com a sua custódia física.

– BDRs de mineradoras

Este tipo de investimento acaba sendo indireto, pois o investidor não está investido no metal, mas sim, na performance financeira da empresa que possui a mineradora.

– Certificados

São títulos que representam uma fração do metal físico depositado em um cofre. Esses títulos podem ser emitidos por bancos ou distribuidoras e podem ser negociados nas mesmas instituições.

Nessa modalidade, o investidor tem direito a receber o metal fisicamente se quiser, mas precisará arcar com os custos de retirada e transporte. Além disso, para vender no mercado ouro físico que ficou sob sua própria custódia, o investidor precisará arcar com os custos de autenticação, pois sem essa, Não é possível negociar o metal no mercado.

Quais são as taxas para investir em ouro?


Para investir em ouro, o investidor deve estar ciente das taxas existentes, pois os ganhos esperados podem ou não acontecer, já que o ativo tem cotação em bolsa tal qual quaisquer produtos de renda variável, mas, boa parte das despesas envolvidas com o investimento em ouro, existirão independente de se obter lucro.

Além da tributação sobre os ganhos, o investidor deve pagar as taxas de custódia e corretagem, que são cobradas pelas instituições que guardam e negociam o metal ou as cotas. Essas taxas variam de acordo com cada instituição e devem ser consultadas antes de investir.

A taxa de custódia é cobrada pela instituição que guarda o metal ou as cotas em um cofre ou em uma conta. Essa taxa é calculada sobre o valor do metal ou das cotas em custódia, e pode ser fixa ou progressiva, conforme a tabela da B3.

A taxa de corretagem é cobrada pela instituição que realiza a compra e venda do metal ou das cotas no mercado. Essa taxa é calculada sobre o valor da operação realizada, e também pode ser fixa ou variável, conforme a tabela da B3.
No caso de investimento em ouro através de ETF, a despesa será a taxa de administração do fundo.

Tributação para investimentos em ouro


A incidência de imposto de renda sobre o investimento em ouro tem o mesmo tratamento que outros investimentos em renda variável:

São isentos os ganhos aferidos até o valor de R$ 20 mil dentro do mês para negociações realizadas via B3, ou até R$ 35 mil para ouro negociado fora da bolsa (embora essa segunda opção não seja recomendável em função dos riscos).

Caso o lucro na venda seja superior aos valores que eu mencionei acima, o investidor deve pagar, através de DARF, 15% sobre o lucro. O pagamento ocorrerá até o último dia útil do mês subsequente ao lucro realizado.

No caso de fundos de investimento, a tributação é regressiva de acordo com o tempo de aplicação, variando de 22,5% a 15% sobre o lucro na venda.

O investimento em ouro através de ETF ou BDR tem tributação incidindo sobre o lucro e de acordo com o tipo de operação: swing trade (compra e venda em datas diferentes) são tributadas em 15% de IRPF sobre o ganho de capital. Por outro lado, operações day trade (compra e venda no mesmo dia) possuem tributação de 20% sobre o lucro.

Investir em ouro também tem riscos


Assim como qualquer outro investimento, o investimento em ouro envolve riscos e desvantagens,O principal risco do investimento em ouro está na volatilidade do preço do metal em função da oferta e demanda ou por influência do cenário macroeconômico.

Em termos de desvantagens, as principais são: a inexistência de rendimentos periódicos, os custos de armazenamento e segurança, e a possibilidade de fraude ou roubo.

Vale a pena investir em ouro?


Como mencionei no início deste artigo, a definição quanto a valer a pena ou não, passa pelos objetivos que você tem com sua carteira de investimentos como um todo, bem como o objetivo específico quanto ao ouro dentro do seu portfólio.

Minha sugestão, caso você deseje tornar o ouro como proteção, além de uma forma de diversificação da carteira, é que seu investimento geral neste metal não seja superior a algo entre 5% e 10% de seu patrimônio, especialmente se você é um investidor novato.

É necessário estudar o comportamento do metal, entender como se movimenta o seu mercado em cenários diversos, e ainda, avaliar se essa exposição ao ativo respeita seu perfil emocional e as metas traçadas em seu planejamento financeiro.

Fonte: https://forbes.com.br/colunas/2023/10/eduardo-mira-investir-em-ouro-vale-a-pena

3 Comments

  1. Ouro é uma opção sólida para quem busca segurança em tempos de incerteza econômica. Vale a pena considerar!

  2. Investir em ouro pode ser uma boa proteção contra a inflação, mas é importante alinhar com seus objetivos financeiro!!!

  3. Ouro é uma reserva de valor histórica. Ótimo para diversificar e proteger o patrimônio a longo prazo

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